O presidente do sistema FAET/Senar, Paulo Carneiro, defende que somente o implemento de medidas emergenciais para apoiar a pecuária do Tocantins e do Brasil podem amenizar o quadro preocupante do setor. Em recente levantamento, a entidade constatou que 60% dos produtores tocantinenses entrevistados afirmaram que possuem parcelas de empréstimos e financiamentos em atraso e que 95% desse total passaram a atrasar os pagamentos nos últimos quatro meses.
A pesquisa do Sistema FAET/Senar apontou que 42% dos produtores entrevistados estão tendo dificuldade de renegociação junto às instituições financeiras e 37% não procuraram o banco ainda à espera de melhores condições. Dos entrevistados, 39,5% dos produtores que participaram da pesquisa cobram algum tipo de auxílio para as renegociações.
Por conta desta grave crise do setor, no início de setembro, Paulo Carneiro foi a Brasília onde visitou parlamentares tocantinenses expondo a situação e cobrando ações que pudessem amparar o produtor neste momento de dificuldade. O presidente também foi à CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil) onde apresentou ao presidente João Martins o diagnóstico dos produtores tocantinenses.
Dados da CNA atestam que a queda nas exportações de carne bovina chegou a 23% no volume, o consumo interno está estagnado por isso a arroba do boi registrou queda histórica. No caso do leite, a importação subiu 200%, além do setor estar enfrentando a concorrência desleal que o leite subsidiado pelo governo da Argentina está gerando no Brasil.
A CNA registrou ainda que o preço médio da arroba do boi caiu 34% nos últimos doze meses e, nesse período, os custos de produção reduziram somente 11%. A mesma situação atinge os produtores de leite. O levantamento da Confederação revela que o preço do litro de leite caiu em média 27%, enquanto que os custos de produção diminuíram apenas 7%.
“Estamos assistindo um dos períodos mais críticos da história da pecuária brasileira. Por um lado, o produtor está vendo os preços dos seus produtos despencar e do outro os consumidores continuam pagando caro pela carne e pelo leite. As duas pontas estão pagando caro por essa crise. Precisamos de uma ação urgente ou a situação pode piorar ainda mais”, disse o presidente da FAET.
Medidas urgentes
Atendendo ao clamor da FAET, das demais federações e dos pecuaristas em geral, a CNA encaminhou ao Ministério da Agricultura um documento onde aponta algumas medidas emergenciais que precisam ser adotadas, com a intervenção do Governo Federal, para amenizar a grave crise da pecuária brasileira.
Uma das medidas é a adoção de uma linha emergencial de Capital de Giro, uma forma de garantir um “respiro” aos produtores que, diante da preocupação em honrar seus compromissos estão vendendo seus animais acima da quantidade desejada e, consequentemente, reduzindo o plantel futuro de suas propriedades.
A CNA também sugeriu o aumento do prazo de pagamento de linhas de crédito para retenção de matrizes para até 36 meses, evitando que os pecuaristas sejam obrigados a desfazer dos animais e a prorrogação de pagamentos dos financiamentos em três anos, bem como ampliar o prazo para a quitação de linhas de crédito de gado para confinamento de seis pra doze meses, de compra de bezerros de 12 para 24 meses e demais linhas de crédito de 24 para 36 meses.
O documento sugere que o Ministério da Agricultura também pleiteie que as eventuais parcelas em atraso de empréstimos e financiamentos para o setor possam ser alongadas nas mesmas condições sem custos adicionais.